Em recente conversa com Paulo Casagrande, durante o podcast Direito de Resposta, falamos sobre a importância da educação na construção da reputação de um advogado. O sócio do Trench Rossi Watanabe destacou a relevância da formação acadêmica em instituições de excelência para a construção de uma carreira bem sucedida no Direito: “Eu gosto de estudar e gosto das matérias do Direito. Para mim há esse componente de satisfação pessoal intrínseco, porque estudar temas complicados na minha área para mim é prazeroso. Para além disso, há também o aspecto da criação de uma reputação como uma pessoa que conhece o assunto, porque o estuda. A formação acadêmica em instituições de excelência claramente contribui para isso”.
Depois de se graduar em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), Casagrande seguiu estudando ao longo de sua trajetória e se tornou mestre (LL.M) em Análise Econômica do Direito pelas Universidades de Hamburgo (Alemanha) e Manchester (Reino Unido), com bolsa integral conferida pela Comissão Europeia (Erasmus Mundus), além de obter com distinção seu Doutorado em Direito Econômico e Financeiro também na USP. Além disso, o advogado também foi pesquisador visitante no Instituto Max Planck sobre Bens Coletivos em Bonn (Alemanha) e na Fordham Law School (Nova Iorque, EUA).
“Os advogados, especialmente não têm outro ativo que não a reputação e esta é construída a cada dia. Parte da construção da minha reputação para a minha carreira é exatamente ter uma boa formação acadêmica, pelo fato de eu gostar de estudar e de ter tido acesso a boas instituições. Acredito que essa curiosidade e desejo de entender as coisas mostram que o profissional em questão é capaz de se aprofundar nos temas e consegue entendê-lo melhor tendo os estudado. A bagagem teórica da pesquisa, do estudo e da produção acadêmica ajuda, e muito, no aspecto prático de resolver os problemas complexos aos quais a gente está exposto como assessor jurídico de grandes empresas”, explica Paulo Casagrande.
Estudar, se dedicar, fazer uma boa faculdade e investir em cursos abre portas para profissionais de todas as áreas. Uma boa formação cultural e profissional, somada a capacidade de aproveitar as oportunidades mantendo-nos abertos e prontos para elas, é fundamental para crescermos não apenas profissionalmente, mas também pessoalmente. Quando você se propõe a adquirir conhecimento, você desenvolve novas habilidades e aumenta o seu repertório, se tornando apto a tomar decisões melhores e a superar desafios. Como (supostamente) dizia Albert Einstein, “a mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”.
Para o exercício de qualquer função ou atividade jurídica, área que vive em constante transformação – com leis sempre sendo atualizadas e novas jurisprudências surgindo o tempo todo – se manter atualizado e atento às transformações é a única maneira de acompanhar o ritmo do mercado. Paulo Casagrande é um bom exemplo prático do valor do estudo constante. Mesmo os advogados com anos de prática e renome no mercado precisam reciclar seus conhecimentos e capacitarem-se para garantir uma maior bagagem e se tronarem capazes de inovar mesmo naquilo que dominam muito bem. Até os magistrados, agentes do Ministério Público e profissionais das carreiras públicas jurídicas que, em teoria têm estabilidade, estão começando a perceber que parando de estudar correm o risco de ficarem defasados e desatualizados.
A profissão do advogado vem sofrendo mudanças capazes de alterá-la substancialmente, nos últimos tempos. Adaptar-se às exigências do mundo moderno é indispensável para o exercício da advocacia e, para tanto, é necessário o estudo de matérias pertinentes ao momento atual, que estejam alinhadas às necessidades sociais e atendam aos interesses dos novos direitos e do progresso tecnológico e científico. Esse é o único caminho para a recuperação da importância das profissões jurídicas, principalmente da advocacia.
Estudar, se capacitar e se especializar nunca é demais. Quanto mais conhecemos sobre uma área específica dentro do nosso campo de atuação, maior se torna nossa capacidade de refletir sobre a teoria aplicada na prática, confrontar visões, debater e repensar conceitos. Quanto mais completa a nossa formação, maior a possibilidade de crescimento de carreira. Afinal, é fato que aquele que tem o currículo mais completo, via de regra é quem se destaca, não somente dentro de uma equipe, mas também no mercado como um todo.
As possibilidades de se adquirir conhecimento no setor do Direito são inúmeras. Há disponíveis no mercado cursos de reciclagem, cursos para concursos, mestrados que podem ser profissionais ou acadêmicos, doutorados, cursos de pós-graduação, pós-doutorados, MBAs e os cursos de curta duração. A escolha depende do seu objetivo. O mestrado tem duração de dois anos e o doutorado de quatro. Tanto o mestrado quanto o doutorado proporcionam uma maior visão do Direito e garantem títulos que conferem maior respeitabilidade ao profissional. Já os MBAs tendem a serem mais úteis em outra área que não o Direito.
Os cursos de preparação, atualização ou a reciclagem em determinado campo ou assunto também são importantes para garantir desenvolvimento profissional e pessoal que se refletem positivamente na carreira. Investir em capacitação para a sua área de atuação pode fazer toda a diferença na hora de alavancar sua carreira. Hoje em dia, o mercado demanda profissionais especializados em diferentes setores e, consequentemente sempre há o que aprender tanto no seu próprio trabalho como em outras especialidades. Algumas das áreas que estão em alta no mercado jurídico são Compliance, Governança Corporativa, ESG, Direito Digital, Seguros e Energia.
Para além dos cursos de atualização, especialização, mestrados, doutorados e pós-graduações, entre outros, arrisco-me a afirmar que os próprios cursos de formação de Direito precisam ser revistos. A realidade do mundo é outra e não podemos aceitar que as universidades continuem ensinando o Direito como se fazia há décadas atrás. Os currículos devem adaptar-se à realidade social, econômica e política em que as instituições estão inseridas hoje, contemplando matérias obrigatórias e indispensáveis à formação cultural dos alunos.
De uma maneira ou de outra, o fato é que a educação transforma. O estudo é o que permite uma reflexão a respeito de nós mesmos e de nossas posições, além de nos capacitar para uma maior de compreensão e avaliação de questões sociais, políticas e econômicas. Para um estudante de Direito, desenvolver o pensamento crítico é algo indispensável, já que os futuros advogados lidarão com situações que dependerão de suas tomadas de decisão. Para tanto, estudar é obrigatório. É a partir das reflexões geradas quando estudamos que nos tornamos capazes de fazer escolhas que aumentem as possibilidades de nos satisfazermos pessoal e profissionalmente.